Oito ou oitenta.

No tênis, Guga teve seu momento de supremacia lá do meio pro fim dos anos 90, conquistando Rolang Garros três vezes e marcando sua história no tênis mundial. Mas isso não foi o suficiente no Brasil. Claro que no país do “samba, carnaval e futebol”, o tênis não é lá muito lembrado e isso distância o “grande público” do esporte, mas no início de sua queda do ponto mais alto do tênis mundial, Guga foi cornetado de tudo quanto é lado e jogados as traças. Terminou a carreira sendo chamado de pipoqueiro e teve que ouvir vários coros de “Aposenta!”;

Na natação, César Cielo foi de gênio a lixo em quatro anos, mais precisamente do período da final dos 50m (o cinquentinha) de 2008 em Pequim até 2012 em Londres. Desde sua derrota nas piscinas inglesas, virou  amarelão, arrogante e nadador que só ganha provas inúteis;

Esse ano foi o da redenção da seleção brasileira de futebol. Começou o ano com o tabu de três anos sem vencer uma grande seleção, com os velhos Felipão e Parreira no comando e com grande parte da torcida profetizando a vergonha que o time passaria na Copa das Confederações. O time ganhou, Felipão e Parreira viraram gênios, Neymar e cia. voltaram ao status de gênios da bola e o time passou do lixo ao luxo, se tornando grande favorita a vencer a Copa do Mundo, no ano que vem.

Nesse fim de semana, Anderson Silva, um dos maiores lutadores de todos os tempos (isso quem diz são os lutadores e especialistas de todo o mundo, não eu) e recordista de defesas de cinturão (10 defesas no total), sofreu sua quarta derrota na carreira (segunda no UFC), perdeu o cinturão de campeão dos pesos médios e também passou de Mito a merda arrogante e sem respeito em questão de  vinte minutos.

No automobilismo (o verdadeiro tema desse blog), lá em 2008, Felipe Massa era o sucessor de Senna e grande piloto, que corria contra tudo e todos e levava nas costas toda a torcida do país. Hoje, é motivo de piadas, chacotas e também ganha o coro de “aposenta!”.

Até Michael Schumacher, sete vezes campeão e um dos maiores (se não o maior) pilotos de todos os tempos foi alvo de piadas!

Qual a semelhança entre os casos acima?

Acertou quem pensou na bipolaridade da torcida brasileira.

É triste e deplorável ver a falta de senso em vários comentários em grandes portais e redes sociais.

Tem gente que reclama do “comentarista” Neto, mas parte do mesmo princípio de “oito ou oitenta”: se ganha, é Gênio. Se perde, é lixo.

Tem alguém que acha essa linha de raciocínio válida? Ou o problema são os esportistas que não vencem sempre?

O esporte, seja lá qual for a modalidade, já cansou de mostrar que todo mundo pode e tem chance de alcançar o seu lugar ao sol, e as vezes uma derrota ensina muito mais que a melhor vitória.

Não peço que deixem de torcer, vibrar e sofrer com seus ídolos, mas um pouco mais de coerência não faz mal a ninguém.